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1° Domingo da Quaresma
1° Domingo da Quaresma

Homilia do Primeiro Domingo da Quaresma – 09/03/2014

     Em Primeiro lugar, precisamos entender que é o Espírito Santo quem revela a sagrada escritura, que é o Espírito Santo quem dá ao hagiógrafo a graça de ter a sabedoria e de ter o discernimento, o hagiógrafo é um instrumento que o Espírito Santo utiliza naquilo que ele tem, naquilo que ele é. Então, a palavra de Deus, a sagrada escritura, tem várias linguagens, interpretações de linguagens diferentes, composições de textos diferentes, temos textos históricos, proféticos, pastorais, escatológicos, mas dentro de todo um contexto nós temos linguagens em parábolas, na qual em cada alegoria há uma imagem que o Espírito Santo coloca no escritor para facilitar o nosso entendimento, isto é a primeira coisa que precisa ficar claro.


     Segunda coisa, nós católicos não estamos baseados apenas na interpretação da bíblia, nós não somos como fundamentalistas, que decoram textos bíblicos, versículos, capítulos, pedaços da bíblia para enfatizar como se fossem algo prepotentemente verdade para se justificar, nós católicos temos um depósito de fé, onde há um tripé: escritura, tradição e magistério, essas três coisas, essas três experiências nos fazem ser católicos. O católico é aquele que acredita na sagrada escritura, e que procura fecundar e entender a sagrada escritura a luz da tradição do magistério.


     A tradição é aquilo que foi passado de geração em geração, aquilo que foi passado ao longo da história da humanidade, entre os inúmeros líderes que a igreja católica teve, desde o primeiro papa, Pedro, apóstolo do Senhor, até hoje, Francisco.


     O Magistério é a organização da igreja; O papa, os cardeais, os bispos, os padres, que participam do magistério. A primeira vez que se falou em magistério, podemos identificar na igreja primitiva, Jesus escolheu 12, levou 3 para o monte Tabôr, levou os 3 em alguns momentos, e dos 3 escolheu 1, Pedro. Aqui ele organizou a hierarquia da igreja, Pedro, os 3, os 12, depois chamou 72 para a missão, depois 120 e assim por diante, é uma hierarquia, 1, 3, 12, 72, 120, o magistério da igreja é cuidado por aqueles que receberam de cristo a função de ensinar, admoestar, mostrar claramente o que de fato a nossa fé impulsiona, e para entender a liturgia deste 1° domingo da quaresma, precisamos adentrar na mistério da tradição e do magistério, o livro do gêneses não é histórico, a sagrada escritura é cheia de midrash, o Pentateuco então é cheio de midrash, história, alegoria, que foram contadas para facilitar o entendimento daquele povo.


     Quando Israel estava exilado e não podia voltar para sua terra, ali o povo começou a perguntar, qual a nossa origem? De onde nós viemos? Porque quando entendermos de onde viemos, poderemos entender melhor o que somos, para poder construir o que seremos, quando entendermos o nosso destino, quando entendermos nossa gestão, quanto entendermos nossos limites, compreendemos melhor o que somos para construir algo novo.
E essa leitura foi compilada pelo autor do gêneses por três formas, por três comunidades, comunidades de Israel, os primeiros foram os javistas, aqueles que chamavam Deus de Javé, e eles então inspirados pelo Espírito Santo a escreverem o gêneses, e escreverem essas alegorias. Anos depois o Espírito Santo viu que para que o povo entendesse melhor tudo o que estava acontecendo, era necessário reescrever e acrescentar algumas coisas, então o Espírito Santo os guiou para uma segunda comunidade, a comunidade dos Eloistas, em que chamavam Deus de Elorrim. E os eloístas pegaram aquilo que os javistas escreveram, e acrescentaram aquilo o que o Espírito Santo falava à aquele povo.

     E os anos passaram, os israelitas foram se transformando e era necessário que algo mais falasse, assim o Espírito convoca a comunidade dos sacerdotes, e os sacerdotes israelitas então, escrevem o gêneses com uma visão litúrgica e pastoral, acrescentando algumas coisas ao pentateuco e ao gênesis, para ficar mais fácil para o povo entender, então precisamos entender que o livro do gêneses não foi escrito por uma pessoa só, ele tem um único autor que é o Espírito Santo, mas três grupos de pessoas que foram inspiradas, conduzidas pelo Santo Espírito para formarem o Cânon do gêneses, o livro do gêneses.


     E aí precisamos dar mais um passo, Deus não criou Adão e Eva, Deus criou Adam e evam, Deus criou uma humanidade, Deus não criou um homem e uma mulher, mas Deus formou homens e mulheres.
Quem é, portanto, Adão e Eva? São representantes da comunidade, são os líderes da comunidade, o pai e a mãe da comunidade, Adam e Evam.


     Adão e Eva são representantes, e nessa alegoria bíblica, Deus faz o barro, sopra e dá a vida, e dá a eles de comerem a vontade em um lugar florido, cheio de sementes, cheio de frutos, só não poderiam comer da árvore do bem e do mal, é colocada uma serpente que é a imagem do demônio, do diabo, do tentador, e as três tentações sobre Eva, e em seguida Eva torna-se a tentação para Adão.


     O que precisamos entender? O que este povo esta querendo falar? O Espírito Santo está mostrando que a tentação veio aonde havia uma abundancia de paz, de amor, e Adam, Evam e aquela comunidade foram tentados, e eles caíram na tentação, eles se deixaram seduzir pela tentação e se afastaram de Deus, perderam a imagem e semelhança de Deus ,se afastaram do amor , e caíram em um profundo buraco desesperador, saíram da presença do Senhor e se perderam, a humanidade se perdeu, é interessante como nos traz essa liturgia, a sabedoria da igreja , que os primeiros homens estavam no paraíso, podiam comer, estavam em um lugar florido, com animais com vida, e perderam tudo isso, eles entraram em um profundo deserto da solidão, no deserto da distância de Deus, em um profundo deserto de escolha errada. Por isso um novo homem Jesus de Nazaré, que é Deus encarnado na sua pessoa divina, começa a sua vida quaresmal sendo levado pelo Espírito para ser tentado, não em um lugar de árvores, não em um lugar com comidas, não em um lugar de animais, de vida, mas na austeridade do jejum, na austeridade do sacrifício de uma terra vazia, árida, quente, de uma terra sem vida, sem água, em uma terra difícil de se conseguir chegar em algum lugar, Jesus foi tentado no deserto, e as tentações de Jesus foram três, e todas as tentações das quais passamos, se resumem a essas três tentações: ao ser, ao ter e ao poder. Três tentações, o demônio mostra três colinas, e todas as seduções que o tentador quer fazer conosco é fazer que caiamos no ser, no ter e no poder.


     Quantos de nós somos orgulhosos por ter feito faculdade, quantos de nós nos tornamos orgulhosos e chatos, nos sentimos melhores que os outros, pois somos doutores, ou catedráticos, porque somos chefes, somos líderes, “o ser”. O tentador vai jogando imagens para que caiamos, “eu sou isso, eu sou aquilo...”, mas na verdade um só é o “Eu Sou”, “eu sou aquele que sou” é o nome de Javé, é o nome do Senhor Deus, criador de todas as coisas e nosso pai eterno.


     Tudo aquilo que nós conseguimos ser, o que é que somos é para o serviço dos outros e não para a arrogância, não para nos sentimos melhores, tudo aquilo que sei e aprendi, precisa estar a serviço da comunidade, para que a comunidade cresça.


     Segunda tentação; “o ter”, as vezes o armário está cheio de roupas, há roupas sobrando, mas mesmo assim precisa comprar mais, pessoas que juntam sapatos, que nunca está satisfeito com o que tem, que precisa comprar o carro do ano, precisa ter carro, moto, casa, casa na praia, apartamento, tenho que ter uma roupa cara, ter, ter, é uma tentação! Precisamos ter dentro do limite, como podemos ter!? Se o nosso irmão do outro lado está passando fome? Se eu tenho dinheiro ele não é para ser esbanjado, se eu posso ter um pouco mais, ele é sim para ser usado para minha saúde, para meu bem, para minha família, mas também para ajudar meu irmão!
Quando eu só penso egoisticamente em mim mesmo, estou me deixando levar pela sedução do mal, não quer dizer que não se possa ter uma roupa mais cara, mas eu estou falando do exagero, estou falando daquilo que sai do limite, o demônio nos quer fora do limite, nos quer acumulando coisas para a traça comer, para ferrugem estragar; Olhe para a sua volta, há pessoas precisando de sua ajuda. Utilize aquilo que você tem para fazer o bem!
A terceira tentação é a tentação do poder, eu sou aquele que posso dar a sua vida, eu sou aquele que tem alguma posse, então começa a oprimir as pessoas, por que tem poder, seja ele na pastoral, na escola, no trabalho, em casa.


     O poder de um pai e de uma mãe só será fecundo se ele não precisar ter autoritarismo, mas se ele souber usar o poder que foi dado para servir, todo o poder foi dado ao Senhor, e o Senhor usou este poder servindo aos homens criados, a criatura, ele venceu o poder, não queira portanto ter o poder para oprimir o outro, para ofender o outro, para fazer mal ao outro, mas se tiver o poder, utilize para sua fortificação e a fortificação dos irmãos, porque todo poder dará muitos frutos se de fato colocarmos a serviço da comunidade.


     Jesus venceu as três tentações como exemplo para nós, com jejum, com solidão, com exercício profundo de autoconhecimento, que nós precisamos aprender a ter, então a liturgia vai nos coroar ainda mais, nos impulsionar ainda mais para olharmos uma coisa que era a visão de época de são Paulo, que por meio de um homem o pecado entrou no mundo, e por meio de um outro homem fomos salvos, aonde abundou o pecado, superabundou a graça, aonde o pecado corroeu, destruiu, aonde o pecado retirou a imagem e semelhança, os dons preternaturais e fez com que o homem se perdesse, Deus interviu no tempo e na historia, para salvar e restituir, reconstruir, refazer, fazer renascer essa humanidade; Por isso, segundo são Paulo todos os dias precisamos escolher; Entre vivermos a perdição de perder o paraíso ou viver a salvação de reconstruirmos no deserto, entre vivermos a escolha do pecado ou vivermos a escolha de lutarmos contra ele, para vencer a sedução e construirmos o novo dentro e fora de nós
Este primeiro domingo da quaresma já nos incomoda a uma revisão e uma atualização profunda do que nós somos, somos convidados a penetrarmos no amor de Deus, Deus nunca deixou de amar, mesmo quando nós transformamos o paraíso em deserto, mesmo quando nós viramos nossa vida de cabeça para baixo, Deus continua nos amando, e queremos fazer do deserto o paraíso, queremos fazer desse lugar sem vida em um lugar com vida, e Ele derrama a seiva do seu amor para vivificarmos , Ele derrama a seiva da sua presença para restaurar-nos, e quando o homem já estava perdido, e não sabia como sair do deserto, Deus entrou no deserto! Se fez pecado por nós! Vem para fora homem que estais no deserto, que estais morto! Vem para a vida, ressuscita!


     Este primeiro domingo da quaresma nos proporciona, terminando com o salmo responsorial: “eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre a minha frente, foi contra vós, só contra vós que eu pequei, e pratiquei o que é mal aos vossos olhos”, tende piedade e misericórdia de mim Senhor, que estou no deserto, mas quero viver a vida! Quero estar no paraíso, da comida que o Senhor preparou, da outra vida que o Senhor criou, preciso comer da comida que preparaste, viver a beleza que escolhestes, é uma escolha , precisamos dar passos para reconstruir o deserto destruído, vencer a tentação que todos os dias o mal tem sobre nós.
No deserto, Jesus, tudo o que está no evangelho não é midrash, não é alegoria, não é historinha, é fato, aconteceu. Talvez alguns possam dizer que o demônio não existe, ou que o demônio não tentou, é mentira, a verdade é o que está no deposito da fé, Jesus foi ao deserto, foi tentado, e venceu a tentação, entrou no deserto físico, para que hoje nos retirasse do deserto destruidor, nos retirasse do deserto da morte.